terça-feira, 16 de maio de 2017

No princípio era o Verbo... ou melhor, a pessoa verbal


"E agora vais começar a subir a montanha." 

"Vamos fazer a saudação ao Sol."

"Quando achares que já não vais conseguir mais, vais ter de dar mais um bocadinho."

"Vamos esticar a perna direita até sentir pressão."

Acaba por ser engraçado como as diferentes pessoas verbais utilizadas pelas pessoas que nos dão aula de grupo definem tão bem a nossa atitude perante o exercício.

Estas frases, aqui rudemente transcritas por mim, são de pessoas diferentes. 

Numa aula em que puxam pelo "eu", a ideia que passa é que, apesar de a sala estar cheia de gente, é comigo, Catarina, que o professor está a falar. Sou eu que tenho de ganhar, numa luta entre mim e a bicicleta, entre mim e o meu corpo, entre mim e a minha mente, mas acima de tudo entre mim e a sala cheia de outros "egos".
Acabo sempre uma aula de Cycle com vontade de ir ver quantos quilómetros cada um dos outros egos ali presentes conseguiu fazer, só para saber se ganhei a prova do Tour do dia.
Na parte que me toca, ontem estreei-me nas aulas das 07h20 (sim, da manhã, caso contrário teria escrito 19h20!) e superei, pela primeira vez, a marca dos 30 quilómetros pedalados (foram 32,900). 

Numa aula em que nos colocam juntos na pessoa verbal, como numa aula de Zumba ou de Yoga, é mais fácil esquecermos a "competição". Mesmo se numa aula de Yoga, como nas que tenho feito com a Inês do YogaProjection, o "nós" se refira a mim Catarina e aos meus chacras e não necessariamente a mim Catarina e aos meus parceiros de saudação solar, a realidade é que a atitude muda. Há uma tranquilidade em achar que estamos todos no mesmo barco (ou no mesmo tapete) e que, por isso, nos podemos exercitar serenamente, sem pressões de chegar lá primeiro porque, no fundo, vamos todos juntos. 

Mas quer seja em "nós" ou em "tu", no princípio há o verbo, e só um verbo: IR! É mesmo o mais importante de tudo. Quer seja a lutar contra o nosso corpo ou contra o de outros, quer seja a tentar superar a nossa elasticidade ou a chegar a um nível de serenidade com o mundo que nos rodeia, o importante mesmo é ir. 
Não vos consigo expressar o quanto me custou acordar às 06h para chegar ao ginásio a horas de apanhar a senha para Cycle ontem de manhã. Mas pensei para comigo: "Se conseguires ir, vais sentir um orgulho imenso em ti... e vais adorar! Vamos, Catarina!"

E fui. Eu, o meu ego, os meus chacras e a minha convicção que, se olhar ao espelho, só vou ver uma: a minha verdadeira competição. 



Catarina


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