Simulava cada mudança metida e cada pisca colocado. Era das coisas que mais gostava de fazer quando a família ia toda tratar do jardim do meu tio: sentava-me no lugar de condutor a fingir que conduzia. Na minha cabeça, recriava a viagem toda que fazíamos desde a nossa casa nos Olivais até à outra margem, à Lagoa de Albufeira, para a casa de férias de um tio.
Quando fiz 18 anos, a minha avó quis-me oferecer logo a carta de condução, mas eu, que sabia que não ia ter dinheiro para comprar um carro nem para o manter, resolvi esperar.
Entrei para a faculdade, fiz curso, pós-graduação e estágio, e só ao fim de estar a trabalhar quase dois anos é que resolvi tirar a carta.
Claro, chumbei no exame de código a primeira vez, com quatro (FOI POR UMA!) respostas falhadas. Tive com o código o mesmo amor (not!) que tive com a matemática: para que é que preciso de estudar isto se não me vai fazer falta para a vida? O que é que me interessa se um camião pode levar mil toneladas ou três mil? Não vou andar a pesar camiões, gente!
Da segunda vez que fiz o exame de código, com a pressão de não querer gastar mais dinheiro em inscrições (sou muito tio Patinhas, confesso), arranjei um estratagema para aqueles dados que eu achava irrelevantes, mas que me tinham tramado no primeiro exame. Compus rimas para todos os valores, pesos, limites de velocidades, enfim, foi ver-me no exame de código a abanar a cabeça ao som das minhas rimas... mas passei, e com zero perguntas falhadas.
A condução foi outra história. Lembro-me de, na primeira aula em que conduzi, o meu instrutor ter passado a maior parte do tempo ao telemóvel, e chegámos inteiros ao destino - facto que me deu uma confiança parva na altura, do género "Ena, conduzi sozinha!"
A realidade é que passei no exame de condução à primeira, apesar do (muito) nervosa que ia.
Toda esta viagem pela minha memória automobilística para chegar a esta conclusão que, agora sim, tem que ver com este blogue:
se conduzir desse para perder peso, podem ter a certeza que já tinha chegado aos 30 quilos, quiçá 35?, perdidos. As voltas que dou no meu carro de um lado para o outro de ginásio em ginásio, fazem dele um verdadeiro peregrino nesta minha causa.
Por isso, hoje queria pedir uma salva de palmas para o meu bólide, o parceiro ideal de treino, o verdadeiro Jedi Master!
Catarina
1 comentário:
Este post tinha tudo para ficar perfeito até ver esse cachecol horroroso :p
Tirando isso, sei bem o stress de tirar a carta, passei tudo à primeira mas sempre com um camadão de nervos e agora também estou a tirar a carta mas noutra categoria e a pressão é igual!
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