segunda-feira, 1 de maio de 2017

Este texto é para o ArTeC

Doze anos de alguma coisa é muita fruta.

Doze anos a fazer parte de um grupo de teatro, mesmo que só nos bastidores, pode até ser considerado um pomar.

Foram já tantos os espectáculos que me passaram pelas emoções que tenho já alguma dificuldade em me lembrar da ordem certa.
Lembro-me do primeiro, claro. Uma peça muda (ainda por cima!), em que o trabalho físico era o mais importante, assim como a música que, naquela altura, era eu quem a lançava para o público.

Depois houve outras... tantas! Textos originais nossos, textos emprestados de grandes mestres como Shakespeare ou Mia Couto, enfim... foram muitas as palavras ditas, assim como as pessoas que entraram e saíram do grupo (o que para mim é sempre muito emotivo dado que me apego demasiado a toda a gente!).

Se ao início estava presente ao longo do processo todo, nos últimos anos, por ser este apenas um trabalho voluntário e por o trabalho que põe comida na mesa não o permitir, tenho estado mais afastada de todo o "making of" em cena, e mais "apenas" atrás do computador. 

Mas, nem por estar mais afastada, deixo de sentir um orgulho imenso de quem faz parte deste grupo de teatro. São jovens cheios de talento, com todos os sonhos do mundo. Apaixono-me por cada um deles sempre que os vejo em cena, porque o teatro é isto: apaixonarmo-nos por quem se entrega assim tanto.  

Podia dizer que adoro a cena da Xana com o Duarte e com o Campos. Fogo! Que trio...! 
Ou como a cena da Sónia com a Ofélia e com os Bosque me deixa sempre de coração a mil..
Ou como o Sérgio e o seu "Walt Whitman" me esboçam um sorriso instantâneo.
Ver como o Afonso se transforma com a sua guitarra, até parece que a expressão muda (sim, temos uma banda a tocar ao vivo e tudo!); ver a Pina Bausch descer à Bárbara todas as noites; a atenção do Bruno a todo o espectáculo e de como o "pinta" com o seu baixo; a fantástica (FANTÁSTICA!!) Eunice; o profissional de teatro em que o João se tem vindo a tornar; a doçura e a força da Madalena (tiro-lhe todas as noites das melhores fotografias que já tirei na vida! É maravilhosa, ela); o rapaz lindo que é o Miguel; o Ricardo, que assim que começa a tocar deixa de o ser, ao Ricardo, e passa a ser um só com a música... parece abraçá-la com os acordes... é mágico aquele rapaz. E depois o outro Ricardo, o Pessoa, provavelmente o papel da sua vida; a Rita e a sua energia contagiante; e o Pedro, que arrastei para este grupo há 12 anos, que começou por ajudar a arrumar as cadeiras e que agora ilumina todos os espectáculos com um profissionalismo maior do que ele próprio imagina...

E, claro, o Marco... e escrever sobre o Marco, ainda que só agora tenha começado, é sinal de lágrimas... 
Quando o Marco entrou na minha vida, de calções e de chinelos de enfiar no dedo, mal eu sabia que a nossa relação iria durar tanto tempo. Que iríamos partilhar tantas histórias, tantos risos e tantas lágrimas. 
Ouvi-lo falar dos nossos espectáculos é ter a certeza que vale a pena ficar até altas horas da madrugada (e a comer badochices! Ai a dieta!) a trabalhar, pois quem corre por gosto não cansa, e quem corre ao lado do Marco tem uma força incrível a puxar por nós. Ver um espectáculo deste grupo é vê-lo a ele. É o nosso mestre. O nosso Caeiro.

E ao ArTeC, este grupo que é meu há 12 anos. E há 12 anos que é assim: os arrepios, os nervos, o esquecer-me de respirar enquanto o espectáculo dura, o querer aplaudi-los entre cenas, o chegar ao fim e sentir que estive em suspenso enquanto os vi; as lágrimas no fim de cada carreira.

Se este é um blogue sobre bem-estar (que é!), estarmos bem connosco também é isto: ir ver uma peça de teatro cheia de malta talentosa. A que aqui vos sugiro hoje quero acreditar que tem um bocadinho de mim. Não quer dizer que é melhor ou pior que outras peças (só que até é!), mas se este é o meu blogue, então, senhoras e senhores, este é o meu grupo de teatro.


"Fernando... em Pessoa!" (foram precisos 12 anos para ter finalmente o Pessoa no ArTeC!), de 1 a 6 de Maio no Bar Novo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, às 22h.

As reservas podem ser feitas para artec.flul@gmail.com



Eu avisei que este texto era para o ArTeC e para os seus "Pessoas".


Catarina

2 comentários:

Sónia Castro disse...

<3

As coisas dela disse...

E só que faz ou fez teatro conhece o sentimento! Beijinhos*

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